Política

CMJP discute as “Cracolândias” de João Pessoa

A Comissão de Políticas Públicas (CPP) da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) discutiu o avanço de pontos conhecidos como “Cracolândias”, de uso e venda de drogas, na capital pessoense. A audiência pública foi liderada pela presidente da comissão, a vereadora Eliza Virgínia (PP), e contou com a presença de vereadores, secretários municipais, moradores e comerciantes.

A mesa da audiência foi composta pela vereadora Eliza Virgínia (PP); os vereadores Milanez Neto (PV), que secretariou os trabalhos, Coronel Sobreira (MDB) e Carlão (PL); o presidente da Empresa Paraibana de Turismo (PBTUR), Ferdinando Lucena; o secretário municipal de turismo, Daniel Rodrigues; o gestor da Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Semusb), João Almeida; e o comandante do Batalhão Especializado em Policiamento Turístico (BEPTur), em João Pessoa, Major Bruno.

A vereadora Eliza Virgínia informou que em meados deste ano foi contatada por comerciantes do antigo Mercado de Artesanato de Tambaú que reclamaram sobre a ocupação dos arredores por pessoas em situação de rua e usuários de drogas. “Muitas vezes , essas pessoas atrapalham o turismo e criam problemas e incidentes ao redor. Muitas instituições de caridades fazem trabalhos sociais na região. Precisamos discutir uma forma de resolver essa situação, ajudando essas pessoas e melhorando a região. Vamos conversar objetivamente para chegarmos a um consenso e implementarmos políticas públicas que solucionem esse problema”, sugeriu a vereadora.

O vereador Milanez Neto (PV) lamentou que o ponto de uso e venda de drogas no Centro Histórico seja a Praça dos Três Poderes. “É para desmoralizar mesmo”, e continuou: “A outra cracolândia é em Tambaú, na frente da PBTur, aos olhos de todas as autoridades”. O parlamentar destacou que os comércios ao redor desses pontos estão fechando e uma das soluções é a intensificação policial. “Estou do lado da polícia, clamando que a gente devolva à cidade o coração de seu turismo”, enfatizou. “O que temos que fazer é assumirmos a responsabilidade de forma conjunta e solidária, dizer que queremos virar essa página e dividirmos as responsabilidades”, destacou Milanez Neto.

O parlamentar Zezinho Botafogo (PSB) relatou que uma importante referência de sua infância foi o Ponto de Cem Réis, onde trabalhou: “Cheguei lá trabalhando numa lanchonete, da qual me tornei proprietário. Isso vem acontecendo há décadas. Em 2002, eu já sentia o problema. Vou me colocar no lugar de quem tem comércio”. Zezinho afirmou que o local já tinha uma concentração de engraxates e, por volta de 2002, começou a distribuição de um sopão. Segundo ele, embora não seja contra a distribuição de alimentos, isso contribuiu para a permanência dessas pessoas naquela região, por isso sugeriu que isso acontecesse em lugares mais adequados e com critérios. Para o vereador, a Prefeitura, o Estado, as secretarias e as igrejas devem se unir, pois esse é um problema que afeta do mais pobre ao mais abastado: “Quem é que vai controlar a droga?”.

O vereador Coronel Sobreira (MDB) contou que conheceu a cracolândia de São Paulo em 2014. “É uma situação degradante”, avaliou, salientando que todo prefeito deveria conhecer para que não deixe sua cidade chegar naquele estado. “Esse problema tem crescido de uma forma que o poder público perdeu o domínio”, afirmou, destacando que é um problema sistêmico. “Não dá pra se resolver somente com polícia, não há uma solução simples para um problema complexo”, afirmou.

O secretário João Almeida, por sua vez, parabenizou a Câmara e os comerciantes por estarem discutindo ações resolutivas sobre a questão, enquanto em outras cidades buscam ações paliativas. “Recife, Natal, Salvador estão perdendo essa luta contra as cracolândias. Podemos dizer que as polícias e guardas estão agindo na repressão, mas temos a sensação de estar enxugando gelo, porque muitas vezes prendemos e em seguida a justiça solta. Se quisermos obter um resultado diferente, devemos agir de forma diferente”, sugeriu. Ele ainda revelou que a Semusb realizou um censo das pessoas em situação de rua da Capital que revelou haver 198 pessoas nesta condição. Segundo ele, 60 destas pessoas foram reintegradas às suas famílias. O gestor ainda anunciou que haverá a implantação de uma base da Guarda Municipal na região nos próximos meses. Na ocasião, foi exibido um vídeo sobre as ações da Secretaria e com depoimentos de pessoas beneficiadas por essas ações.

CMJP

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